terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Natureza-Morta na Europa


Está a decorrer desde 21 de Outubro último e prolongar-se-á até 8 de Janeiro de 2012, na galeria de exposições da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição de arte sob o tema A Perspectiva das Coisas. A Natureza-Morta na Europa Segunda parte: Séculos XIX-XX (1840 - 1955). Dando continuidade à exposição apresentada em 2010 sobre o tema da natureza-morta na Europa, a segunda parte será dedicada à modernidade do século XIX e às alterações fundamentais ocorridas na primeira metade do século XX. 

Esta exposição tem perto de 100 obras de 70 artistas dos mais consagrados como Cézanne, Braque, Dalí, Guaguin, Gris, Manet, Magritte, Matisse, Monet, Morandi, Picasso, Renoir, Rousseua e Van Gogh. Também lá estão obras dos portugueses Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy e Vieira da Silva.

Será preciso adiantar algo mais para que se justifique uma visita à referida exposição?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dulce Bernardes expõe em Lisboa


Na sede da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos (Av. Almirante Gago Coutinho, 151 - Lisboa), desde o pretérito dia 21 de Outubro e até 18 do corrente mês de Novembro, está a  decorrer uma exposição da pintora (e nossa mestra) Dulce Bernardes. Horário: 2ª a sábado, das 10 às 22 horas.
Podem ser visionadas algumas das suas pinturas nesta galeria pessoal.
Uma visita à capital e deslocação a uma das avenidas de mais fácil acesso para quem vai de Leiria, é aconselhável.


sábado, 5 de novembro de 2011

José de Almeida Furtado - o Gata - 2

Ainda sobre o «Pintor Gata», como complemento aos dados biográficos anteriormente avançados, poder-se-ão adiantar outros elementos de interesse. Assim, os seus oito filhos foram: Tadeu, Maria das Dores, José, Francisco, Eugénia e Rosa (nascidos em Espanha), e ainda Francisca e Doroteia, nascidas mais tarde em Viseu. Como exímio pintor retratista atingiu grande notoriedade, foi nomeado, em 1818, como primeiro Diretor da Escola de Desenho de Santo Eloy, em Salamanca. Em 1826 regressa a Viseu, continuando a sua atividade com grande notoriedade. Faleceu cinco anos depois, deixando uma vasta obra dispersa e sobretudo uma descendência que continuou a sua ação artística. Estilisticamente, embora ainda modelada pelo Barroco, a obra de José de Almeida Furtado aponta para o neoclassicismo, com um forte sentido académico, depuração, racionalismo e rigor técnico, particularmente evidentes nos retratos de pequena dimensão e nas miniaturas. Os seus auto-retratos, que não deixam de ser retratos psicológicos, celebram-no como um homem liberal, de gestos livres, nada formal, cabelo e roupas um pouco desalinhadas tão ao gosto dos “modernos” franceses, dando conta de um tempo de revolução, de paixões e sofrimentos violentos, e de uma inquietude que lhe é característica. À exceção de Francisco, todos os filhos de José de Almeida Furtado tiveram ligação ao mundo das artes, destacando-se: Tadeu Maria de Almeida Furtado (1813-1901) – miniaturista, professor e ensaísta; Maria das Dores (m.1842) e, sobretudo, Francisca de Almeida Furtado (1827-1918), a grande sucessora de seu pai como miniaturista e que atingiu grande reputação no seu tempo. A convite de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo, Francisca esteve em Lisboa e pintou retratos dos soberanos, de membros da Família Real, de Alexandre Herculano e outras figuras relevantes da sociedade portuguesa da época. 
E eis o retrato de D. Eugénia Cândida da Fonseca, 1ª Baronesa da Silva, feito por José de Almeida Furtado, referido em post anterior e que, acérrima defensora do liberalismo terá dado água pela barba aos absolutistas.

 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

José de Almeida Furtado (O Gata) - (1778-1831)

Ainda sobre o «Pintor Gata», com placa toponímica na cidade de Viseu, na antiga Praça da Erva e com obras expostas, conforme antes se referiu, no «Tesouro da Misericórdia» e «Museu Grão Vasco», penso que será oportuno desvendar o mistério de tão aparentemente descabida alcunha e saber-se mais da sua vida e obra.
Por considerar um texto perfeito para os efeitos aqui pretendidos, com a devida vénia, transcrevemos o que sobre José de Almeida Furtado foi escrito no Boletim Informativo nº 35 - 3º trim - 2008, do Arquivo Distrital de Viseu:
Pobre é o epíteto inscrito, pelo cura da Sé de Viseu Manuel Rebelo de Almeida, no registo de óbito de José de Almeida Furtado, que ocorreu aos nove dias do mês de Setembro de mil oitocentos e trinta e um. “Faleceu sem sacramentos d’um ataque apopléctico, sem que dessem parte a tempo” e deixou a família sem posses para custear o enterro. Acabou os seus dias na miséria, apesar de ter visto os seus dotes artísticos, como pintor, conhecidos em Portugal e Espanha.
Nasceu no dia 15 de Setembro, na Rua Direita, e foi baptizado “segunda feira aos vinte e oito dias do mês de Setembro do ano de mil setecentos e setenta e oito”, pelo capelão da Cura da Sé Manuel Rodrigues Ferreira. Era filho de José de Almeida, natural do lugar de Fundo de Vila, freguesia de Esmolfe, concelho de Penalva do Castelo, e de sua mulher Maria Rita, natural do lugar de São Miguel do Mato, concelho de Vouzela, e moradores em Viseu.
Cedo despertou para as artes. Ainda criança, foi estudar para o Porto e, em 1794, matriculou--se na Casa Pia, onde foi discípulo de Domingos Sequeira. Permaneceu em Lisboa cerca de dez anos, dedicando-se à miniatura. Aos 30 anos, partiu para Espanha, onde viveu algum tempo, exercendo sempre a sua arte, pintando retratos de soldados, oficiais e membros da aristocracia, mas também decorando salas de casas fidalgas e gente abastada, tendo, em 1818, sido nomeado primeiro director da Escola de Desenho de Santo Elói, em Salamanca.
E foi também em Salamanca que, em 1811, casou com Maria do Loreto Amesqueta. Tiveram oito filhos, quatro nascidos em Salamanca e outros quatro em Viseu. Em 1826, já se encontrava em Viseu, de onde não voltou a sair, apesar das vantajosas ofertas que lhe chegaram de Madrid, Sevilha e Lisboa.
Apesar de ser liberal, pintou um grande retrato de D. Miguel, para os festejos que Viseu fez em sua honra, em 1828. Foi vítima de perseguição política e esteve preso de 1828 a 1831, o que lhe enfraqueceu a saúde. Morreu pouco depois de ter sido libertado.
Comparando-o com o notável miniaturista Bartolomeu della Gatta, que viveu em Florença, no século XV, os seus contemporâneos atribuíram-lhe a alcunha de “Gata”, pelo qual ficou conhecido.
Em homenagem à memória do notável filho da terra, nos anos 30 do século passado, a Câmara Municipal de Viseu assinalou, na toponímia da antiga Praça da Erva ou da Senhora dos Remédios, junto à porta do Soar, o nome deste pintor, retratista e miniaturista, elegendo a denominação de Largo Pintor Gata.
No Museu Grão Vasco, na sala que tem o seu nome, estão expostas algumas obras deste pintor notável e dos filhos que “lhe seguiram as pisadas”.
No Arquivo Distrital de Viseu podem ser pesquisados documentos referenciando passos da vida de José de Almeida Furtado, o Gata.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Continuação da Escapada Romântica - Museu Grão Vasco

Depois de termos passado a noite na belíssima «Casa da Ínsua» e após mais umas incursões em locais desconhecidos ou já meio esquecidos, voltámos, no dia 5, à cidade de Viriato, onde almoçámos e visitámos o Museu Grão Vasco.

Fruto de muitas acumulações, o acervo inclui obras de arte de diversa tipologia e cronologia. Aos objectos e suportes figurativos originalmente destinados a práticas litúrgicas (pintura, escultura, ourivesaria e marfins, do Românico ao Barroco), maioritariamente provenientes da Catedral e de igrejas da região, acrescem peças de arqueologia, uma colecção importante de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, exemplares de faiança portuguesa, porcelana oriental e mobiliário. Mas a colecção principal do Museu é constituída por um conjunto notável de pinturas de retábulo, também provenientes da Catedral, de igrejas da região e de depósitos de outros museus, da autoria de Vasco Fernandes (c. 1475-1542), o Grão Vasco, de colaboradores e contemporâneos.
S. Pedro, o antigo retábulo da capela lateral da Catedral de Viseu (C. 1529) é hoje a obra mais representativa do talento de Grão Vasco e uma das pinturas mais notáveis do património pictural português.
 Mas o museu tem muito mais... Uma sala quase toda ela ocupada pelos artistas do chamado Grupo do Leão (Malhoa, irmãos Rafael e Bordalo Pinheiro, João Vaz, Silva Porto) fez as minhas delícias.
Numa sala contígua, lá estava aquele que ponho no grupo dos meus pintores portugueses preferidos - Amadeo de Souza-Cardoso. É o seu «Mercado de Vila Cardoso» um quadro pequenino, mas todo ele cheio das marcas do seu autor.
Ah!... E lá está, também numa sala próxima, o nosso «Pintor Gata» (José d'Almeida Furtado) num seu auto retrato.
Indubitavelmente um dos museus nacionais que não podem deixar de ser visitados.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Museu da Igreja da Misericórdia de Viseu e não só

Tal como se refere no post anterior, os dias 4 e 5 de Outubro foram dedicados à zona de Viseu. No dia 4, depois de estacionado o carro em Viseu, perto do Rossio, subimos em direcção ao Adro da Sé, com passagem pelo «Largo Pintor Gata».
Desde logo, alguma surpresa por uma designação invulgar para um pintor...  Mas mais adiante falaremos desse artista viseense.
Entretanto, visitámos o «Tesouro da Misericórdia» que é, nem mais, nem menos que um moderno museu que aproveitou as instalações da Igreja da Misericórdia de Viseu e expõe arte sacra e não só (pintura e escultura) de autores maioritariamente dos séculos XVII, XVIII e XIX.  É um espaço muito agradável, em que é evidente o acertado aproveitamento da luz para fazer realçar as obras expostas.
E lá estavam pinturas do viseense José d'Almeida Furtado (Gata). Entre elas sobressai um retrato da Baronesa da Silva (D. Eugénia Cândida da Fonseca Silva Mendes) que, ostentando, de forma hiper realista, uma bela bigodaça, não passa despercebido aos visitantes. Esta senhora riquíssima e firme nas suas convicções liberais foi perseguida implacavelmente pelos miguelistas.

Como curiosidade, será aqui oportuno referir que os bilhetes de ingresso são reproduções de um pormenor da bandeira de procissão da Misericórdia de Viseu, pintura a óleo sobre tela do século XIX do já aludido Gata.
A Igreja da Misericórdia de Viseu fica mesmo de frente para a Sé de Viseu.