Sátira aos homens quando estão com gripe, de António Lobo Antunes
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas,. creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Se eu fosse pintor...
Se eu fosse pintor pintava
De verde, verde e cinzento,
O ventre da onda brava
E os olhos cegos do vento
Só com essas duas cores
Talvez que a tinta ocultasse
Meu prazer, as minhas dores...
Tudo que me lês na face!
E, sob o feltro dos dedos
Poisando nas tuas ancas,
As ondas dos teus cabelos
De loiras ficavam brancas.
Nem sequer falas de gente!
Nem alegria nem mágoa.
Ou luar ou sol poente.
Corpo de cristal com água...
Em vez de carne, cerejas.
Legumes, em vez de peixe,
Antes que os meus lábios vejas
E, presos, um beijo os deixe.
Quem se lembraria então
Do poeta (ou do pecado)
Atirado para o chão
Como um fósforo apagado?
Pedro Homem de Mello
De verde, verde e cinzento,
O ventre da onda brava
E os olhos cegos do vento
Só com essas duas cores
Talvez que a tinta ocultasse
Meu prazer, as minhas dores...
Tudo que me lês na face!
E, sob o feltro dos dedos
Poisando nas tuas ancas,
As ondas dos teus cabelos
De loiras ficavam brancas.
Nem sequer falas de gente!
Nem alegria nem mágoa.
Ou luar ou sol poente.
Corpo de cristal com água...
Em vez de carne, cerejas.
Legumes, em vez de peixe,
Antes que os meus lábios vejas
E, presos, um beijo os deixe.
Quem se lembraria então
Do poeta (ou do pecado)
Atirado para o chão
Como um fósforo apagado?
Pedro Homem de Mello
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
"O Povo e o Monumento" - Aguarelas de Artur Franco
COREPINCELADAS esteve presente na inauguração desta mostra mas, para quem não tiver possibilidade de visitar a exposição de aguarelas deste artista leiriense, aqui poderá visualisar e apreciar a qualidade dos trabalhos expostos.
(VER AQUI)
(VER AQUI)
domingo, 5 de dezembro de 2010
Telas da Exposição do IPJ - 2010

Já podem ser vistos aqui (na margem direita deste blog) os trabalhos do nosso grupo que estiveram expostos no IPJ até ao pretérito dia 23 de Novembro.
Exposição de Aguarelas
Sob o tema «O Povo e o Monumento», foi ontem inaugurada, na Galeria de Exposições Mouzinho de Albuquerque, na Batalha, uma exposição de aguarelas do consagrado artista plástico leiriense, Artur Franco.

A mostra ficará patente até ao dia 19 de Dezembro, podendo ser visitada diariamente das 14:00 às 18:00 horas.

A mostra ficará patente até ao dia 19 de Dezembro, podendo ser visitada diariamente das 14:00 às 18:00 horas.
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