Ainda sobre o «Pintor Gata», com placa toponímica na cidade de Viseu, na antiga Praça da Erva e com obras expostas, conforme antes se referiu, no «Tesouro da Misericórdia» e «Museu Grão Vasco», penso que será oportuno desvendar o mistério de tão aparentemente descabida alcunha e saber-se mais da sua vida e obra.
Por considerar um texto perfeito para os efeitos aqui pretendidos, com a devida vénia, transcrevemos o que sobre José de Almeida Furtado foi escrito no Boletim Informativo nº 35 - 3º trim - 2008, do Arquivo Distrital de Viseu:
Pobre é o epíteto inscrito, pelo cura da Sé de Viseu Manuel Rebelo de Almeida, no registo de óbito de José de Almeida Furtado, que ocorreu aos nove dias do mês de Setembro de mil oitocentos e trinta e um. “Faleceu sem sacramentos d’um ataque apopléctico, sem que dessem parte a tempo” e deixou a família sem posses para custear o enterro. Acabou os seus dias na miséria, apesar de ter visto os seus dotes artísticos, como pintor, conhecidos em Portugal e Espanha.
Nasceu no dia 15 de Setembro, na Rua Direita, e foi baptizado “segunda feira aos vinte e oito dias do mês de Setembro do ano de mil setecentos e setenta e oito”, pelo capelão da Cura da Sé Manuel Rodrigues Ferreira. Era filho de José de Almeida, natural do lugar de Fundo de Vila, freguesia de Esmolfe, concelho de Penalva do Castelo, e de sua mulher Maria Rita, natural do lugar de São Miguel do Mato, concelho de Vouzela, e moradores em Viseu.
Cedo despertou para as artes. Ainda criança, foi estudar para o Porto e, em 1794, matriculou--se na Casa Pia, onde foi discípulo de Domingos Sequeira. Permaneceu em Lisboa cerca de dez anos, dedicando-se à miniatura. Aos 30 anos, partiu para Espanha, onde viveu algum tempo, exercendo sempre a sua arte, pintando retratos de soldados, oficiais e membros da aristocracia, mas também decorando salas de casas fidalgas e gente abastada, tendo, em 1818, sido nomeado primeiro director da Escola de Desenho de Santo Elói, em Salamanca.
E foi também em Salamanca que, em 1811, casou com Maria do Loreto Amesqueta. Tiveram oito filhos, quatro nascidos em Salamanca e outros quatro em Viseu. Em 1826, já se encontrava em Viseu, de onde não voltou a sair, apesar das vantajosas ofertas que lhe chegaram de Madrid, Sevilha e Lisboa.Cedo despertou para as artes. Ainda criança, foi estudar para o Porto e, em 1794, matriculou--se na Casa Pia, onde foi discípulo de Domingos Sequeira. Permaneceu em Lisboa cerca de dez anos, dedicando-se à miniatura. Aos 30 anos, partiu para Espanha, onde viveu algum tempo, exercendo sempre a sua arte, pintando retratos de soldados, oficiais e membros da aristocracia, mas também decorando salas de casas fidalgas e gente abastada, tendo, em 1818, sido nomeado primeiro director da Escola de Desenho de Santo Elói, em Salamanca.
Apesar de ser liberal, pintou um grande retrato de D. Miguel, para os festejos que Viseu fez em sua honra, em 1828. Foi vítima de perseguição política e esteve preso de 1828 a 1831, o que lhe enfraqueceu a saúde. Morreu pouco depois de ter sido libertado.
Comparando-o com o notável miniaturista Bartolomeu della Gatta, que viveu em Florença, no século XV, os seus contemporâneos atribuíram-lhe a alcunha de “Gata”, pelo qual ficou conhecido.
Em homenagem à memória do notável filho da terra, nos anos 30 do século passado, a Câmara Municipal de Viseu assinalou, na toponímia da antiga Praça da Erva ou da Senhora dos Remédios, junto à porta do Soar, o nome deste pintor, retratista e miniaturista, elegendo a denominação de Largo Pintor Gata.
No Museu Grão Vasco, na sala que tem o seu nome, estão expostas algumas obras deste pintor notável e dos filhos que “lhe seguiram as pisadas”.
No Arquivo Distrital de Viseu podem ser pesquisados documentos referenciando passos da vida de José de Almeida Furtado, o Gata.
3 comentários:
Esse Gata "assanhado" e liberal foi um Artista reconhecido, sobretudo depois de morto...
Ai Portugal, Portugal... continuas tão igual.
Porque será que os grandes artistas por cá morriam na miséria e completamente esquecidos e abandonados? Enfim... Sempre fomos uns tristes...
Excelente ideia e elevado nível cultural nos trouxe o amigo Rocha com o produto da pesquisa que nos transmite nesta crónica.
Na verdade, como este, haverá provavelmente muitos "Gatas" que não terão passado do anonimato.
Mas, com estas postagens, sempre poderemos saber de alguns deles.
Bom trabalho!
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