Num canto, à volta de silenciosas chávenas de café, negócios são discutidos, tecem-se confabulações. Ao longe, uma presença discreta, qual reminiscência de uma África passada, tudo observa, lançando um olhar condescendente e sensual sobre a cena.
A
imagem ficou gravada no meu espírito quando, acabada de chegar a
Leiria, trazendo as feridas de uma descolonização (im)possível, entro
num café que ainda hoje, passados que foram mais de trinta anos, teima
em manter-se aberto ao público, contrariando a voragem do tempo e dos
metais. À rudeza dos homens que se reuniam à volta das mesas,
contrapunha-se a suavidade de uma mulher que aí servia e cujas feições
me recordavam, com dolorosa saudade, a minha África.
Várias
são as leituras que rodeiam “Café Colonial”, uma tela simultaneamente
icónica, na evocação sempre presente da mulher africana, nas formas, na
composição e nas cores, em todas as suas metamorfoses, e atípica, na
figuração masculina.
Representa
o reconhecimento mais profundo do início de um ciclo agora apresentado
em retrospectiva, expondo uma visão abrangente dos temas que percorrem o
meu imaginário.
Clotilde Fava
FUNDAÇÃO CAIXA AGRÍCOLA DE LEIRIA
Largo Cândido dos Reis (Terreiro), nº19
Leiria
tel. 351 244 848000
inauguração - 7 de setembro, sexta-feira, às 21:00
fecho - 21 de setembro
horário: de 2ª a 5ª das 14:00 às 17:00
6ª das 14:00 às 17:00 e das 21:00 às 23:00
sábado das 16:00 às 20:00
2 comentários:
O Café Colonial (onde dei as primeira carambolas) lembra-me o Rick´s Cafe em Casablanca, mesmo sem piano nem Sam, "conspirações" não faltavam.
:)
Quanto à exposição... obrigatório a visita.
Seria bom que quando terminasse aí, viesse para o Porto...
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