quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Malangatana


Vítima de doença prolongada, Malangatana morreu há poucas horas no hospital de Matosinhos onde fora internado há dias. De seu nome completo Malangatana Ngwenya Valente, Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, o pintor moçambicano era uma lenda do milieu artístico desde a mostra colectiva que o Núcleo de Arte de Lourenço Marques organizou em 1959. A consagração chegou em 1961, com a primeira individual. No ano de todos os rumores (a guerra colonial tinha eclodido na outra costa), a policromia violenta da obra provocou indisfarçável embaraço na cidade branca. Representado desde os anos 1970 no National Museum of African Art de Washington, bem como noutras colecções internacionais, Malangatana também escreveu poesia.


A biografia do jovem de Matalana que conseguiu ir trabalhar como apanha-bolas para o Clube de Ténis de Lourenço Marques, passando a empregado doméstico do arquitecto Pancho Miranda Guedes, e depois para o próprio Núcleo de Arte, está recheada de episódios curiosos: em 1963 tornou-se colaborador da revista Black Orpheus, a Pide manteve-o preso durante dois anos, a Frelimo fez dele deputado (1990-94), poemas seus integram a antologia Modern Poetry from Africa, viveu em Portugal enquanto foi bolseiro da Gulbenkian, o fotógrafo britânico Duncan Campbell dedicou-lhe em 2005 um extenso portfolio no Guardian de Londres, a Universidade Eduardo Mondlane encomendou-lhe o mural do Centro de Estudos Africanos, por proposta daUNESCO recebeu o Prémio Prince Claus, a Universidade de Évora fez dele doutor honoris causa, há menos de um ano foi uma das personalidades mais acarinhadas das Correntes de Escritas, etc.


(retirado do blogue Literatura de Eduardo Pitta)
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Entre nós houve quem tivesse tido o privilégio de confraternizar com o artista. Seria interessante a partilha desses momentos, únicos e inesquecíveis. O desafio está lançado.

1 comentário:

SilvaRocha disse...

Foi com tristeza que, ontem (05-01-2011), à hora de almoço, através do telejornal, tomei conhecimento do falecimento do Mestre. Entretanto, porque, no mesmo dia, uma moçambicana que me é muito querida, fazia dois anos de vida, acabei por não ter disponibilidade (mesmo mental) para, em jeito de homenagem, aqui fazer referência ao espaço que Malangatana conquistou na cultura africana e mundial como pintor, escultor, poeta, contador de histórias...
Irei tentar responder ao desafio que o Rui me fez.