terça-feira, 31 de agosto de 2010

Literatura e Pintura


Na sua obra «Viagem a Portugal» (Editorial Caminho, A cava do lobo manso, pág. 49), José Saramago, aquando da sua passagem em Amarante, escreve: A primeira ida é ao Museu Albano Sardoeira, onde há algumas peças arqueológicas de interesse, umas tábuas quinhentistas que merecem atenção, mas, acima disso e do resto, estão os Amadeus, soberbas telas do período de 1909 a 1918, com um saber de oficina que as mostra no esplendor da última pincelada, como se o pintor, acabada a obra, tivesse saído agora mesmo para a sua casa de Manhufe onde a vindima o estava esperando. Tem mais o museu uns Elóis, uns Dacostas, uns Cargaleiros, mas é o Amadeo de Souza-Cardoso que o viajante devagar contempla, aquela prodigiosa matéria, suculenta pintura que se desforra do exotismo orientalista e medievalizante dos desenhos que, em reprodução reduzida, o viajante veio a comprar humildemente.

1 comentário:

Rui Pascoal disse...

Ora aqui está um verdadeiro "aperitivo" para o início de aulas na nossa multi-facetada Academia.