sábado, 1 de junho de 2013

Moçambique (11) - Bilene

Dedico este post a um Amigo, apaixonado pelo mar e que desde criança, descendo pela Rua do Outeiro, transformava o carrinho de rolamentos que o pai lhe construiu, numa caravela portuguesa.  Um Vasco da Gama se imaginava vencendo as ondas, não do rio Arunca, mas sim as altas e tormentosas vagas do Índico, personificando o Adamastor nas vizinhas que reagiam, atormentadas pelo ruído ensurdecedor dos rolamentos zurzindo contra as pedras da calçada. 
E foi essa paixão pelo mar e pelo amor à sua terra natal que o levaram a conceber e a reduzir a escrito o que se pode designar como uma autêntica ode marítima cantada em louvor da que considera a melhor vila do centro do País:

Ó Soure vila bonita,
como tu não há igual!
És das terras mais bonitas,
das praias de Portugal!

Voltando a Moçambique, tema que justifica os posts que temos vindo aqui a publicar, recomeçarei referindo que, quando em 2007, estivemos em Inhambane, por uns dias, foi então obrigatória a visita às praias mais próximas, nomeadamente Barra, Tofinho e Tofo. E foi nesta praia que tivemos o grato prazer de partilhar uns momentos de conversa com aquele que era o grande mestre da pintura moçambicana, Malangatana Valente Ngweny (falecido em 5 de Janeiro de 2011).

Praias próximas de Inhambane
Com Malangatana em Abril de 2007



 Desta vez, neste ano de 2013, fomos passar uns dias ao Bilene, a cerca de 200 kms de Maputo. A praia do Bilene, onde estivemos, fica junto da lagoa Uembje, mantida pelo Índico. As águas são límpidas e não profundas, o que proporcionou bons momentos de diversão às três crianças que faziam parte do nosso grupo.
 

Da casa onde ficámos durante os quatro dias que ali permanecemos, desfrutávamos de uma bela paisagem, onde se incluía a lagoa/praia.


 Estivemos muito bem instalados, usufruindo não só da paisagem, mas também do conforto da própria casa que distava cerca de 150 metros da praia.
Bilene é uma pequena povoação onde, na rua principal, para além de outras construções antigas e modernas, se pode ver ainda um conjunto de casas pertencentes aos Caminhos de Ferro, e que, antes da independência, serviam para os funcionários da empresa gozarem alguns dias de férias. Estão preservadas e habitáveis.
Verificámos que, numa zona mais recatada e próxima da casa onde nos alojámos, estão a ser construídas boas vivendas que se destinarão, assim parece, a residência de férias e cujos acessos estão a ser devidamente cuidados com a colocação de blocos de cimento que encaixam uns nos outros garantindo, ao que tudo leva a crer, um piso fiável e duradoiro.
Tomávamos café no «Bilas», junto às bombas de gasolina e, quando precisávamos, comprávamos as frutas e legumes, bem assim como o peixe, no mercado de rua.
 No regresso a Maputo, na véspera do Domingo de Páscoa, passámos pelo estabelecimento (restaurante, padaria, etc.) do amigo Figueiredo, algures, no meio da mata, junto de Marracuene, para levarmos o cabrito assado encomendado com antecedência.


 O senhor Figueiredo é um português que foi para Moçambique, após a independência e estabelecendo-se no sítio onde ainda hoje se encontra, tem vindo a ser bem sucedido no seu negócio, estando na iminência de construir um complexo (restaurante e residencial) junto da Estrada Nacional nº 1 moçambicana, relativamente perto do local onde hoje exerce a sua actividade.
Proximamente, tentarei abordar outros assuntos que Moçambique me tem vindo a proporcionar e que considero interessantes.



 

6 comentários:

Unknown disse...

Bipene, também conhecida por São Martinho do Bilene é uma praia extraordinária, onde em 1973 fui muito feliz. Fui até lá algumas vezes, com uma patrulha militar, partindo de L.M., e por lá permanecíamos uma semana.

Silva Rocha disse...

Bem bom, Caro Horácio! Grande tropa!... Conclusão: tiveste a oportunidade de usufruir de algumas coisas boas de Moçambique.

Arnaldo disse...

Não gozei do mesmo privilégio em questão de comodidade, porque então, estive acampado no "Parque Flores", mesmo junto a essa referida lagoa.
Estás a ficar um interessante promotor da terra moçambicana, com alusão a lugares paradisíacos. Parabéns!

Silva Rocha disse...

Caro Arnaldo, sabes bem que a comodidade é relativa. Também fiz campismo e, na altura, era o máximo!!! Talvez agora já não tivesse paciência, mas que tenho muitas saudades do campismo e dos miúdos pequenitos a delirarem com as férias feitas assim, lá isso tenho!
Tenho-me limitado a contar o que de lá vou trazendo na memória, não podendo esconder que tenho gostado da terra e das pessoas. Talvez também a alegria que sinto, por estar junto do meu filho, da minha nora e da minha neta, me leve a ver as coisas numa perspectiva positiva/optimista!
Um abraço e obrigado pelo teu incentivo.

A.Ramos disse...

Meu caro Rocha,
Muito sensibilizado fiquei por te recordares do nosso tempo glorioso de "marinheiros" da Rua do Outeiro.
Quanto à quadra, o 3º verso é mais afirmativo-"és a terra mais linda".
Espero que da próxima vez que fores a Moçambique também tenha possibilidade de ir pois já se começa a falar do aumento substancial dos aposentados...talvez depois de empregarem toda a malta nova!!!
Um Abraço e continua com o teu lindo Blog.

Rui Pascoal disse...

Se antes o blogue já era muito colorido, que dizer agora?
Venham mais crónicas e fotos, a "rapaziada" agradece.